Das duas
uma: ou não entendem de política ou esteados em algum interesse pessoal
tentam ludibriar os que são mais desprovidos de inteligência ainda.
Refiro-me aos deboches feitos tendo como fito o senador Eduardo Amorim e
o deputado federal Rogério Carvalho, por conta do resultado das urnas,
no último domingo 5. Enxergá-los como
derrotados é, no mínimo, velar a ignorância sobre a vigência de um
mandato – e, sobretudo, esquecer o óbvio: o tempo voa. Passa que nem é
percebido. Quatro anos em política é um piscar de olhos.
Em 24 meses,
teremos novas eleições – inclusive para a Prefeitura de Aracaju. E, em
quatro anos, o replay da eleição que terminou ontem. Alguma dúvida que a
dupla emerge como as maiores lideranças da próxima eleição para o
Governo do Estado e, dificilmente, não disputarão o pleito? Evidente que
as urnas mostram que nomes novos estão chegando com força para se
juntar a Eduardo e Rogério. Cito Adelson Barreto, Laércio Oliveira e
Valadares Filho como os principais. Mas, se o processo fosse hoje,
Eduardo x Rogério seria a disputa. Não duvido.
Além disso,
como enxergar como derrotada uma pessoa que teve a coragem de disputar o
Governo do Estado pela primeira vez, tendo como adversário ninguém
menos que Jackson Barreto – ainda sentado na cadeira de governador? Um
candidato experiente, com serviços prestados, uma equipe de comunicação
competente, obras para inaugurar e o argumento de que pegou o governo há
apenas seis meses? Sem falar da forma conhecida com que Jackson faz
política. Derrota seria Eduardo Amorim permanecer tranquilo no Senado e
não fazer jus ao posto de líder da oposição. Aí, além de uma derrota
antecipada ainda espelharia uma covardia sem tamanho. Optou pela disputa
e teve 415.641 mil votos – 41,37% de aceitação.
Por sua vez,
o deputado federal Rogério Carvalho teve a coragem ímpar de enfrentar
uma senadora que talvez tenha de vida pública a idade biológica do
próprio Rogério. E neste tempo prestou inúmeros serviços a Sergipe. A
fama de mãe da pobreza não é gratuita. Como se isto não bastasse, Maria
tem em João Alves, o maior político de Sergipe, em se tratando de obras
entregues à população, seu maior cabo eleitoral. Apesar disso e das
pesquisas, antes mesmo dos registros de candidaturas, já mostrarem uma
vitória fácil de Maria do Carmo, Rogério teve a coragem que pouquíssimos
políticos teriam de enfrentá-la. É bom lembrar que, em 2010, o petista
chegou à Câmara Federal como o deputado mais votado, e teria uma
tranquila reeleição, mas optou por correr o risco. Uma característica
dos vencedores, que lhe valeu nada menos que 416.988 mil votos – 45,52%
do eleitor o queria no Senado.
A política é
tão dinâmica, tão fascinante que o próprio Jackson Barreto, que
derrotou, o senador Eduardo Amorim, ontem, diz ao adversário, com sua
própria história, para não desistir. Não baixar a cabeça. Não se
enxergar como perdedor. Aliás, Eduardo já deixou isso evidente. Já
imaginou se Jackson Barreto desistisse de disputar a eleição de ontem
porque perdeu o Governo do Estado, em 1994, para Albano Franco numa
eleição colocada em xeque por muitos? Se jogasse a toalha quando foi
obrigado a deixar a Prefeitura de Aracaju por motivos vastamente já
ventilados? Não precisa detalhar aqui que o momento de felicidade ímpar
que vive hoje inexistiria.
Rogério e
Eduardo têm a obrigação, como homens públicos, de assumir – ou continuar
– o papel de oposição. Não uma oposição à base do ódio, mas
construtiva. Em sintonia com os pleitos da sociedade. Nada de ir para o
lado pessoal. Abomino a baixaria. Mas fiscalizar os mandatos dos
adversários para cobrar coerência com as expectativas dos sergipanos.
Inclusive dentro do que os próprios Jackson e Maria prometeram durante a
campanha, cobrar é salutar. É isso que Sergipe espera. É isso que deve
ser feto. É isso que mostrará que derrota não é ter menos votos. Derrota
é, por quaisquer motivos, deixar de ser útil ao estado de Sergipe.
Eduardo e Rogério demonstram entender muito bem isso. Estão de parabéns.
P.S.
Evidente que para ter mais votos nos próximos pleitos, erros precisam
ser corrigidos. Ambos precisam avaliar com calma todo o processo, e
cortar atitudes e, sobretudo, pessoas que só prejudicaram.
Por Joedson Telles www.universopolitico.com.br
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